À medida que se avança nos níveis de escolarização, diminui significativamente a participação da população negra e parda nos bancos escolares. Dados do I.B.G.E. indicam que negros e pardos representam 53,2% de total de alunos matriculados no ensino médio brasileiro, enquanto os brancos são 46,4% do total. A proporção muda bastante na pós-graduação, em que o índice de participação dos afrodescendentes é de 17%, enquanto os brancos somam 81,5% do total.
O texto acima é, jornalisticamente falando, uma notícia, uma informação. É um resumo publicado em uma revista ou em um jornal. Apanhemos essa informação, ou outra qualquer extraída da mesma fonte, e a levemos para uma sala de aula.
O desejo de transformar essa informação em conhecimento é preocupação em situar essa notícia dentro de uma estrutura sistemática, de uma teoria científica. Essa preocupação torna assim necessário transformaralunos em estudantes e como em princípio nada sabem sobre as disciplinas escolares é natural que se sintam confusos e precisam da ajuda de seus professores. Se essas disciplinas são apresentadas apenas como um conjunto de fatos, conceitos ou teorias a serem confiadas à memória, irão permanecer na ignorância da razão essencial de cada disciplina. É assim essencial que a notícia acima posa ajudar os alunos a descobrirem queespecialistas diferentes possuem olhares diferentes.
Como é a notícia acima para o matemático? E para o historiador? Como a percebe o geógrafo? Como pode trabalhá-la o especialista
Apresentadas essas discussões, voltemos a informação acima.
O professor de História, por certo se concentrará nas razões das diferenças sociais e étnicas explicadas pela notícia e buscará nas raízes escritas em nosso passado uma explicação e se aventurará em prováveis conseqüências; o professor de Geografia anotará na realidade dos dados os contrastes do país e suas implicações no desequilíbrio que toda igualdade social aqui e outras partes pode ocasionar. O professor de Artes sentirá que essa informação necessita ser mostrada através de linguagem não verbal e assim buscará reproduzi-la na em um outro veículo e com isso buscará através da música, colagem, dança ou desenho formas de captar o fenômeno. Fará uma sensível análise do tema, sobretudo se ajudado por um professor de Educação Física, especialista em descobrir linguagens nos movimentos corporais. Uma informação sobre afrodescendentes e seu nível de escolarização poderá parecer distante a um professor de Matemática, mas se perceber bem verificará que é a frieza dos dados numéricos que confere veracidade à notícia e que os mesmos podem se tornar mais facilmente percebidos se olhados através de proporções ou de estruturas gráficas, com sua insinuante geometria. Aos especialistas
Em síntese: a notícia em si não parece ser de excepcional relevância e, nesse sentido, pode até ser esquecida pelos alunos. Mas se a informação, atropelada por outras tantas que a cada momento surgem pode ir sendo apagada da memória, a prática de exercícios como esse vez por outra desenvolvidos em sala de aula, mostra aos alunos a grandeza do currículo, a essência da educação e o papel de cada disciplina escolar.
Não seria essa uma proposta para mostrar como se transforma informação em conhecimento e como se faz de um aluno um verdadeiro estudante?
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