quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Diálogos Hemisféricos


O aprofundamento sobre o conhecimento do cérebro humano mostrou que homens e mulheres são efetivamente bem mais diferentes do que antes se acreditava e parte expressiva dessas diferenças decorre do fato dos homens – sobretudo na parte ocidental do planeta – usarem em suas relações interpessoais a prevalência do hemisfério esquerdo, enquanto que as mulheres, ainda que usem o hemisfério esquerdo bem mais que direito, o usam em proporção expressivamente superior aos homens. Em termos mais simples, o homem é essencialmente usuário do lado esquerdo do cérebro, enquanto que as mulheres desenvolvem utilização mais equilibrada, ainda que com ligeira prevalência do hemisfério esquerdo.

E em quais fatos essa diferença implica?

Uma maneira direta de simplificar essas diferenças se manifesta na análise – nada sarcástica – dos fundamentos de um possível diálogo. Assim, pois, se a mulher fala ao esposo ou namorado que ao seu lado dirige um veículo:

- Você não gostaria de parar um pouco? E ele simploriamente, responde que “não” e sorridente e afável continua dirigindo, pode ter certeza que um desconforto se abre. Para o hemisfério esquerdo uma pergunta foi feita e objetivamente uma resposta foi dada, mas para o hemisfério direito, bem mais que pergunta existia a intenção clara de uma proposta de parada, grosseiramente desrespeitada. Não está errado ele, ela não está errada, apenas hemisférios diferentes compreendem subjetividades de forma diferente. Perceba outro exemplo:

- “Querido, acho que essa omelete que preparei ficou péssima. Exagerei no sal, você não acha?” E ele, candidamente, responde: - “Não querida, a omelete está excelente, mas realmente um pouquinho salgada”.

Para o hemisfério esquerdo, existe óbvia aprovação com ressalva a detalhe irrelevante, mas a subjetividade do hemisfério direito a recebe como agressão ilimitada e uma proposta de que ela deve deixar de cozinhar, por óbvia incompetência. O exemplo desses diálogos multiplica-se em muitas outras contingências, pois é inegável prerrogativa do hemisfério esquerdo usar palavras com objetividade para descrever, definir, representar, enquanto que o hemisfério direito ao se apresentar com função não verbal e claramente subjetiva percebe as coisas como imagens e descobre intenções que nem sempre existem. Além disso, o hemisfério cerebral esquerdo é essencialmente analítico e dessa maneira organiza idéias de forma rígida, racional e lógica enquanto que o hemisfério direito tende a agrupar informações de forma relacional, subjetiva, mantendo a lógica um pouco distante e atraindo-se pela intuição analógica e, dessa forma, jamais tomando o que se ouve sem associar o que se ouve agora, ao que antes se ouviu. Uma mentira, dita pelo hemisfério esquerdo em uma oportunidade restringe a circunstância daquela oportunidade, mas como o hemisfério direito raramente esquece mentira passada, sempre a leva em conta buscando associá-la com a frase dita no presente. Infeliz o homem que, mais tarde no passado, admitiu que realmente aquela omelete estava mesmo muito salgada.

Por essa razão, é comum os homens ironizarem dizendo que “são iguais todas as mulheres” e a recíproca ocorre por parte delas, não apenas como aforismo anedótico, mas pelo sentido como o cérebro funciona em sexos diferentes. É por essa razão que é extremamente perigoso um homem ganhar da mesma mulher, na mesma oportunidade, duas gravatas: uma preta e outra marrom. Se ao se preparar para sair e usar a preta, pensará que por certo a homenageia, mas ela ficará o tempo inteiro intrigada, se questionando:

- Por que será que odiou a gravata marrom que, com tanto carinho, o presenteei.

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